sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Salvação

À medida que Santa Terezinha foi crescendo, e enfrentando as adversidades surgidas em sua precoce vida, foi certificando-se de que no céu havia um lugar reservado para ela. Para isso ela viveu, desde pequenina, tendo sempre como meta maior, alcançar a santidade, mesmo sabendo que os santos e santas enfrentavam enormes provações nesta vida para poder galgar os “degraus” que nos levam ao céu. Porém, à sua maneira, a jovem Terezinha do Menino Jesus, orando e meditando a Palavra de Deus ia, gradativamente, “descobrindo” o seu caminho para a santidade. Percebeu em seu coração, naturalmente inspirada pelo Espírito Santo, que existem muitas maneiras de se salvar ou, como ela mesma afirma de: se fazer santa ainda nesta existência!
Como nos conta em suas memórias, deixadas a nós por escrito, Santa Terezinha descobriu um “elevador” que a levaria mais rapidamente (e também mais facilmente: sem grandes feitos e enormes sacrifícios) como nos relata nesta carta que escreveu a sua superiora, da qual eu transcrevo um trecho: “Bem sabe, minha Madre, que o desejo constante de minha vida é fazer-me santa. Todavia, sempre que me coloco em paralelo com os santos, verifico facilmente que entre eles e mim, há uma imensa diferença, como aquela que existe entre uma montanha cujo cimo se esconde nas nuvens e um grãozinho de areia na praia, que todos pisam sem darem sequer por sua existência. Diante desta realidade fiquei um pouco desanimada em meu propósito, até que me despertei quando refleti: Deus não vai inspirar em ninguém, desejos impossíveis de serem realizados. Apesar da minha pequenez, nada me impede de aspirar à santidade. Não posso progredir? Terei paciência para ir me suportando como sou: com meus cacoetes e imperfeições. Mas hei de buscar o meio certo de chegar ao céu, por algum caminho direto, bem curto, ou por uma sendazinha bem pequena que conseguirei escavar. Como estamos no século das invenções, não vale a pena nos cansarmos subindo uma imensa escadaria pelos seus degraus. Se o rico tem um “elevador” que lhe poupa este trabalho, quero também encontrar um “ascensor” que me eleve até onde habita o meu Jesus, pois sou pequenina para subir os degraus da íngreme escada da perfeição. E assim, procurando nos Livros Sagrados algum indício do “elevador” que sonhava, encontrei estas palavras que a Sabedoria Eterna pronunciou: “Quem é pequenino, venha a mim”. (Pv 9,16) Aproximei-me de Deus convicta que tinha encontrado o que buscava.
Desejosa de saber que faria Deus a esse pequenino que d Ele se aproximasse, continuei com minhas pesquisas e reflexões, e logo encontrei estas outras palavras: “Qual mãe que acaricia o seu filho, assim Eu vos consolarei, tomando-vos ao colo e embalando-vos nos meus joelhos.”(Is 66,12-13) Nunca palavras tão ternas e melodiosas encheram tanto de júbilo a minha alma. Então veja que maravilhosa conclusão eu cheguei: o “elevador” em que hei de subir ao céu são os Vossos braços, meu Jesus! Para isso não preciso crescer, pelo contrário, tenho que ser pequena, aniquilando-me cada vez mais e tornando-me sempre menor.” Santa Terezinha “descobriu” lendo, meditando e aplicando a Palavra de Deus em sua vida, o caminho da humildade e do despojamento de tudo para salvar a sua alma. Para isso abriu mão de sua vida, até certo ponto confortável e tranqüila, já que pertencia a uma família de muitas posses, e tornou-se uma religiosa carmelita, procurando viver na pobreza, na simplicidade e na humildade, investindo seu curto tempo de vida: “ajuntando para si tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças, nem a ferrugem e os ladrões não furam nem roubam.” (Mt 6, 20).